sábado, 28 de junho de 2008

Pose

Sou mais imprevisível que Dr. Jekyll ou Mr. Hyde,
Sagaz como Lord Henry,
Melancólico que nem Raskólvikov,
Mais amado que Casanova.

Mas, salve-me de mim.
Sem que eu seja surpreendido com a dor
Que todos sabem
Que eu não sou quem sou.

Sou mais sonhador que Dom Quixote,
Injustiçado como Kafka.
Bêbado que nem Henry Chinaski,
Mais perseguido que Sócrates.

Mas, salve-me de mim,
Sem que eu seja desmascarado pela dor
De saber
Que eu não sei mais quem sou.

Sou mais dolorido que Florentino,
Perdido como Damian,
Procurado como Sidarta,
Mais vaidoso que Dorian Gray.

Mas, salve-me de mim.
Devagar, sem que eu note a minha dor
De ter medo
De nunca me amar como sou.

Sou mais desprezível que Armand de Montriveau,
Mais travestido que Diadorim,
Mais resignado que Mersault,
Mais pesado que Roquetin.

Mas, salve-me, eu insisto
E alargue a minha dor pelo caminho
Para eu saber fingir
Que existo.

Sou mais vigiado que Winston,
Mais místico que Fausto,
Mais moderno que Macunaíma,
Sou mais vazio que Holden Caulfield.

Mas, salve-me de mim
E desses loucos, que eu suspeito,
Que com dor ou sem,
Nunca irão amar ninguém.

2 comentários:

Anónimo disse...

Querido príncipe!
Seja muito bem-vindo.

Vais gostar dos ares daqui...

É tudo bem calmo, temos ótimos vizinhos e 'nesta terra, em se plantando, tudo dá'.

Delicie-se!

Beijo,
Ana B.

Anónimo disse...

É 100 vezes pretensioso o poema. E 100.000 vezes mais bonito que pretensioso. Significa que então você conseguiu de novo né amigo?