segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Do casco ao caco

Do casco ao caco
“O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: — o da imaturidade.- Nelson Rodrigues”

Sim, foi assim, nem menos e nem mais: me apaixonei.

Não foi sedução ou destino, não foi um equivoco e nem mesmo “educado para”, foi assim, de cara.

Sem delongar, passei por ela, estava lá como sempre esteve, ao alcance do olhar, não foi carência ou birra, foi sincero.

Do grito sem malícia com insuficiente néctar alcoólico, atender ao chamado e ver entre os cascos meio vazios, meio cheios, a mesma sinceridade carregada de “nada-de-mais”.

Não sei e nem sei se vou saber o porque da repetição de tanto: “não sei”, evidenciando não sei o que, que estava lá como sempre esteve.

Confuso e solitário, horas ao fio, mas a dialética não vai me dar nada, só poesia, por isso afirmo: me apaixonei.

A implicância revela, do jogo de empurra-empurra ao gato-e-ao-rato, é dar cor e do cheiro de que: me apaixonei.

Por que deixar o demônio no exílio do porão? Deixa sair, deixa estar, sei cuidar do que não posso tocar, não fecho os olhos, deixo bater na cara, é assim com todo mundo.

Não há o que pedir perdão, não é nada louco porque não sei dizer, é tudo são, pois não sei dizer, vem, irá bater.

É bonito por ser, não por êxito, não é para acontecer, pois não precisa, aconteceu: me apaixonei.

Deixa, mesmo que se perca, abrigo-me-em-mim, é bem por ai.

Não é por estar só, nunca estamos sós, sempre estamos só, não é uma medida entre ganhar e perder, é sincero: me apaixonei.

Não é pelo o Flamengo ir do mais cheio ao mais vazio, não é mais o quatro-três-dois laranja, é meu peito que deveria estar, não sei: eu me apaixonei.

O dia vem vindo e ainda não falei, nem falarei, nem agora e nem depois, não tem o que se falar, pois é isso e é simples.